domingo, 12 de março de 2006

O sol, o mar e eu...

Estava com vontade de entrar no mar. A água me parecia muito convidativa. Mar calmo com ondas ao longe. Tirei a roupa e mergulhei de cabeça não querendo esperar me acostumar com a água aos poucos. Mas não foi necessário. A água estava morna, agradável. O sol brilhava e banhava tudo com sua luz cálida. Aquecia tudo ao redor. Acariciava meu rosto enquanto me permitia perder-se na imensidão azul... Foram momentos eternos, cada instante registrado e guardado para sempre. Mesmo que o consciente de memória muito falha insista em esquecer, em algum lugar esses momentos ficaram, marcaram. Tudo parecia perfeito. Um dia perfeito. Como tantos outros que viriam e virão.

Mas o dia passa e tudo muda. Ou quase nada muda. Difícil de perceber. A água já não está mais morna. O sol insiste em se esconder atrás de algumas nuvens. As ondas se aproximam da costa. O mar se agita em rebelia. Algo está errado. Não sondo o perigo. Ele é amigo também. O dia passa e o tudo-nada se altera. A realidade ou a impressão que tenho dela se desfaz. Não fico sem chão pois estou imerso na água. Balanço no mar procurando entender o que se passa. Pergunto o que acontece. Mas ninguém responde. O mar se cala. O sol se cala. Outros personagens aparecem e me olham com medo, confusos... Estranhos que classificam-me como estranho também. Não sou bem vindo ali. Não pertenço mais a esse lugar. Pouca coisa mudou. Mas tudo parece tão diferente.

A água está fria. O vento sopra forte. As ondas me agitam de lá pra cá. Mas ainda insisto em entender o que ocorre ao meu redor. Deixo-me submergir procurando uma resposta. Mas ouço menos ainda perdido dentro da imensidão do mar. O céu se fecha. O sol se esconde em pesarosas nuvens. Começa a chover enquanto balanço debaixo da água pra lá e pra cá. O ar acaba. Volto a tona pra respirar. A chuva torna tudo mais disperso, confuso, impalpável, insondável. Sou jogado de um lado pra outro por vontade própria. Não entendo e ninguém me responde.

Numa prece de despedida, o sol que me aninhou outrora se abre por um instante e ilumina meu caminho. Mostra-me a saída imprópria. Aceito com desdém mas resignação a rota de fuga. Nado de volta a praia onde ainda chove. O mar sem emoção, sem expressão treme. Não sei se sente-se aliviado pelo intruso que acaba de deixá-lo. Mas não faz menção de arrastá-lo pra perto novamente. O aprecio de londe agora enquanto se debate em fúria, confusão e medo.

A angústia se foi. Mas ainda chove. Aqui dentro de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário